Mais uns centavos de opinião. Acho muito importantes os pontos que o naoliv levantou.
Importante ressaltar que a classificação por nível administrativo tem um problema similar ao da classificação segundo a hierarquia urbana oficial: ambas atribuem importância a vias já desenvolvidas e vias consideradas estratégicas para o desenvolvimento regional, mas que não necessariamente já se tornaram importantes. Ambos servem como plano de desenvolvimento, não como reflexo da realidade.
Todas as comunidades concordam que a classificação das vias de tráfego deve se dar segundo algum critério de importância, o que não estamos discutindo bem é o que determina a importância de uma via.
Acho que o simples critério adotado nos primórdios do OSM no mundo - que a importância de uma via depende da importância dos lugares (place=*) que ela conecta - deveria ser pelo menos o norte da discussão. Se aceito, isso mudaria o foco da discussão para outras duas questões, que acho bem mais simples:
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qual a importância de cada lugar; e
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como determinar a melhor rota entre dois lugares.
Em geral a importância de um lugar é definida politicamente. No Brasil só existe distinção entre capital federal, capital estadual, e município; no OSM usa-se a população do local para refinar essa distinção.
A melhor rota normalmente é a mais rápida. Em casos de múltiplas alternativas com tempo similar, a maioria das pessoas opta pela rota que está em melhores condições mesmo que isso represente uma viagem um pouco mais longa ou demorada. Podemos discutir os pormenores dessa troca. Inevitavelmente vamos esbarrar em casos particulares, mas acho que serão poucos e não tem problema trazê-los pro fórum (importante ser aqui para poder justificar a alteração da classificação no comentário do changeset).
Eu começo tentando determinar por consenso: se os três principais roteadores disponíveis para o público (Google Maps, Waze e Here.com - e não foram escolhidos à revelia, são os únicos que atualmente extraem a velocidade média da via a partir de dados de tráfego reais) concordam sobre uma determinada rota entre dois lugares ser ótima (importante calcular a rota num horário com pouco trânsito), é a que eu adoto, só penso em tradeoffs se eles discordam entre si. Nos casos em que discordam muito, eu pondero outros fatores (qualidade da superfície, adequação ao tráfego de grandes veículos, tempo total de viagem), mas em Porto Alegre só precisei ir tão longe 1 única vez.
Eu poderia ignorar os roteadores e classificar segundo a minha experiência pessoal. Mas minha memória é péssima ;), especialmente no que diz respeito ao tempo total de viagem. E não acho que exista um ser humano com memória detalhada de um sistema viário inteiro para poder tomar essa decisão, nem mesmo profissionais do transporte. Mesmo que exista, o OSM é feito por pessoas comuns, não por heróis.
Resta o detalhe de onde exatamente uma rota começa. Ela pode começar no núcleo dos lugares para definir a rota fora do lugar, mas não precisa ir até o núcleo (em geral o resultado seria ruim). Dentro de um mesmo lugar, por exemplo uma cidade, as rotas que chegam na cidade poderiam ser conectadas pelos melhores caminhos entre elas. Em muitos casos nem é necessário pensar nisso porque, como a cidade em si é rota entre outros lugares importantes, essas rotas já estarão todas conectadas.
Sobre as trunks, que é o tópico dessa discussão, algumas mudanças seriam necessárias:
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a BR-116 não seria trunk entre Porto Alegre e Curitiba porque o melhor caminho entre essas cidades é pela BR-101 e porque nesse trecho não existe nenhuma outra cidade “super”-importante (capital ou com mais de 1 milhão de habitantes); seria trunk nos demais trechos por ser a melhor rota entre Porto Alegre e Montevideo e entre Curitiba e o Rio de Janeiro
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a BR-101 não seria trunk entre Osório e Pelotas
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a BR-381 não seria trunk entre Belo Horizonte e Vitória
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a BR-364 não seria trunk em alguns trechos também pelos mesmos motivos (eu teria que avaliar com calma pra ter certeza de quais)