APAs

Depois de vários anos, a tag boundary=protected_area passou a ser renderizada. Isto é uma boa notícia, já que a tag leisure=nature_reserve vinha sendo usada de forma essencialmente errada, e apenas para ativar a renderização de vários os tipos de unidades de conservação (mesmo os sem fins recreativos).

Um problema (ou não) é que agora as APAs passaram a ser renderizadas. Essas áreas possuem em geral grande extensão e tem um nível baixo de proteção. Em particular, incluem áreas de propriedade privada e, às vezes, bairros ou cidades inteiras. Muitas vezes uma APA funciona como um “buffer” em torno de um parque nacional ou área de proteção mais estrita. Exemplos:

https://www.openstreetmap.org/relation/3426617
https://www.openstreetmap.org/relation/3425878
https://www.openstreetmap.org/relation/3547850

O ponto é: a mim parece ruim cartograficamente (feio/distrativo/quase irrelevante) mostrar as APAs. Devemos incorrer no crime de etiquetar para o renderizador nesse caso?

Uma solução não necessariamente “errada” seria trocar o valor protect_class=5 para alguma outra coisa.

Mapear certo sempre.
Outros renderizadores/consumidores podem exibir/utilizar os dados de maneiras diferentes.
Não compensa “arrumar” os dados para um caso e torná-los errados para os outros, por mais feio ou ausente que fique na renderização padrão.

Se há certo e errado nesse caso, ou a quem cabe decidir, eu não sei. Mas sem dúvida é preciso ser consistente. A pergunta portanto trata das convenções de mapeamento para as APAs brasileiras. Como eu já expressei acima, parece mesmo difícil argumentar contra a opinião que deve ficar como está, mas não seria impossível.

PS: Salvo opinião contrária, farei uma edição em massa removendo a tag leisure=nature_reserve quando combinada com boundary=protect_class, já que isto deixou de fazer sentido e é tecnicamente “errado”.

À primeira vista, me parece que o mapeamento atual está correto porque segue a metodologia brasileira e corresponde à definição dessas áreas. Pode ser interessante dar uma olhada na discussão da mudança e nos novos pedidos que surgiram logo após ter sido implementada, e quem sabe deixar uma sugestão lá. Eu acompanharia a evolução desses pedidos antes de tomar uma decisão que afete o mapa todo (faria somente se eles estagnassem). Pelo que entendi na issue, estão pensando em usar um estilo diferente para protect_class=5, menos chamativo, que talvez resolva a questão.

Mas estou me aprofundando, já que parece ser um assunto complexo (e não tão claramente definido).

Acho que o naoliv quis dizer que é melhor (1) tentar obter consenso entre vários países e (2) mapear dessa forma consensual para então (3) pleitearmos que os desenvolvedores ajustem as ferramentas para representar a informação corretamente. O caminho contrário (ajustar a informação às ferramentas para obter um resultado rápido) fragiliza a evolução do ecossistema e tende a fazer as aplicações insistirem em representações inadequadas. Infelizmente esse caminho requer muito mais trabalho e paciência, especialmente com a lentidão dos desenvolvedores (geralmente cautelosos com questões controversas).

Acho que faria algum sentido mudar temporariamente o mapeamento se observarmos que isso começou a causar confusão entre os mapeadores casuais e leigos (se excluirem coisas porque não entenderam o que era, se mudaram o tipo incorretamente porque achavam que estava errado). Ainda assim, eu tentaria manter o mapeamento o mais próximo possível do considerado ideal por consenso.

Me aprofundei.

A discussão no GitHub sugere uma separação forte entre três conjuntos de classes (1-4; 5; e 6-99 exceto 10-90). O SPUC também faz uma grande separação entre dois conjuntos (integral: I-III; sustentável: IV-VI). Embora o mapeamento das classes esteja muito bom (se eu fosse sugerir alguma mudança seria especializar a classe 1 com 1a = estação ecológica e 1b = reserva biológica, e talvez repensar se refúgio de vida silvestre não deveria ser classe 4 porque classe 3 é só pra monumentos naturais), as APAs poderiam ser classe 5 ou 6 no OSM dependendo da característica escolhida como principal:

  • Se for valor/importância significativa, seria classe 5

  • Se for sustentabilidade, seria classe 6 (nesse caso nenhuma classe do SPUC corresponderia à classe 5 do OSM)

Tenha em mente que o boudary=protected_area também é usado para áreas protegidas, por exemplo, devido à sua importância histórica.

https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Key:heritage#Brazil

A correspondência entre categorias de UCs no Brasil e níveis de proteção da IUCN é estabelecida pelo ICMBio (ou algum outro órgão do governo federal), e está correta no OSM. Isto deveria ficar como está.

Obrigado por apontar o link no github. Acho que compartilhar lá os links da minha 1ª postagem, que sumarizam os casos estranhos que ocorrem para nós, seria suficiente.

Eu procurei mas não achei referência para isso. Existe o artigo da Wikipédia que contém uma tabela com a correspodência, mas está sem referência para a fonte. Se você souber onde isso é encontrado, seria importante documentar.

Na verdade tinha uma referência, mas ela não estava mais online. A referência não é para um órgão oficial como o ICMBio e sim para uma revista independente. É válida, mas se tivermos uma para a ICMBio, melhor.

Existe o cadastro de UCs do MMA: http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar-relatorio-de-uc.html

Ali você pode verificar através de exemplos que está correta a tabela da WIkipedia (bem como o mapeamento no OSM). Porém, não sei onde isto está formalmente definido.