[RS] Níveis mais altos da classificação viária no RS

Ainda não tenho dados suficientes pra opinar sobre o sistema primário, mas à primeira vista me parece uma boa aproximação do que seria.

Se formos levar o que diz o wiki em consideração, há dois caminhos possíveis: usar os limiares de place usados no Brasil (já decidimos que pra *place=city * o limiar brasileiro não é adequado), ou considerar talvez os limiares ingleses, que são os seguintes:

  • 200000 city

  • 5000 town

  • 200 village

  • 10 hamlet

  • 1 isolated_dwelling

  • 0 locality

Com base nisso e na descrição do wiki, acho que inicialmente (com ajustes posteriores) bons limiares pra pontos de referência pros níveis de highway seriam os seguintes:

  • 200000 trunk

  • 60000 primary

  • 20000 secondary

  • 1000 ou 1500 tertiary

  • 0 unclassified

60000 pra primary porque o wiki define que primary liga “larger towns”, secondary liga “towns” e tertiary liga “smaller towns and villages”. 60000 e 20000 são pontos uniformemente distribuídos entre 200000 e 5000 em escala logarítmica.

1500 pra village é uma extrapolação (também logarítmica) a partir das proporções dos outros níveis. Quase todos os municípios têm mais de 1000 habitantes, talvez 1000 seria um limiar melhor pra garantir que todo município tenha uma terciária marcando a via de acesso principal.

No exercício que fiz, comecei com um limiar de 60K para primary (também pensei na escala logaritmica), mas acabou incluindo poucas cidades e não ficou bom. Usando 20K para primary ficou bem melhor. Muitas rotas usam a malha trunk existente. Coloquei a restrição de que para ser primary teria que ser pavimentada, o que, pelo menos no Rio Grande do Sul, é uma condição razoável. Nenhuma cidade com mais de 20K ficou fora da malha, mas algumas rotas acabaram ficando um pouco mais longas para não pegar estrada de chão, que é o esperado.

Uma rápida pesquisa no http://www.wikiwand.com/pt/Lista_de_municípios_do_Rio_Grande_do_Sul_por_população e vejo que se o limite for de 1500 ficam apenas 3 municípios de fora segundo o censo de 2010, segundo a estimativa de 2017 fica apenas o município de André da Rocha de fora, acho que 1000 tá bom!
Outra opção seria aumentar esse limite para 3000, o que deixaria mais de 130 municípios de fora.

Concordo com 20k pra primary.
Talvez 5k pra secondary e 1k pra tertiary, acho que ficaria bom dessa forma.

Temos que testar para ver se funciona. Até primary dá para testar com um conjunto de dados independente do OSM, mas mais baixo do que isso começa a ficar mais difícil. Também é importante que a decisão sobre quais as melhores rotas entre os lugares seja definida pela comunidade. Quando o limite de população começa a baixar, fica mais difícil discutir tudo. Aí, o ideal é estabelecermos critérios e a comunidade local (dos municípios envolvidos) decidir sozinha, com base nesses critérios.

A classificação de vias deve, de preferência, ser compatível com vários critérios (físicos, administrativos, funcionais, etc.). Em função da evolução da discussão, tentei compatibilizar os diferentes critérios para ver se isso era possível. Para as áreas rurais, cheguei na seguinte lista:

  • Rodovia duplicada SEM cruzamentos em nível, com pelo menos 10 km de extensão = motorway
  • Rodovia duplicada COM cruzamentos em nível, com pelo menos 10 km de extensão = trunk
  • Rodovia pavimentada ligando centros urbanos com +200 mil habitantes = trunk*
  • Rodovia pavimentada ligando centros urbanos com +20 mil habitantes = primary*
  • Rodovia pavimentada federal ou estadual = secondary
  • Rodovia ligando centros urbanos com +2000 habitantes ou sedes de municípios = secondary*
  • Rodovia pavimentada municipal = tertiary
  • Rodovia não-pavimentada federal ou estadual = tertiary
  • Rodovia ligando comunidades com +200 habitantes = tertiary*
  • Rodovia não-pavimentada municipal = unclassified

As classificações marcadas com asterisco (*) seriam decididas pela comunidade e documentadas na wiki. Os quatro primeiros itens da lista foram mais ou menos os que eu usei no exercício que gerou o mapa que postei anteriormente. Os demais seriam uma extrapolação que eu acho que daria certo, mas teríamos que testar. Algumas consequências desses critérios:

Físicas:

  • Motorway permanece com a definição tradicional, adaptada à realidade brasileira (em que vias de pouca importância podem ligar diretamente à rodovia, mas não a cruzam).
  • Rodovias duplicadas seriam, no mínimo, trunk, mas pequenas duplicações (Ex: Gramado-Canela) não seriam incluídas.
  • Rodovias pavimentadas seriam, no mínimo, tertiary.
  • Rodovias não-pavimentadas seriam, no máximo, secondary.

Funcionais:

  • Rotas ligando cidades seriam classificadas de acordo com o tamanho das cidades (ou localidades) envolvidas (200k = trunk, 20k = primary, 2k = secondary, 200 = tertiary).
  • A ligação entre sedes de municípios seria, no mínimo, secondary.
  • É possível que uma rota não-pavimentada importante tenha classificação igual ou até maior que uma pavimentada menos importante.

Administrativas:

  • Rodovias federais e estaduais seriam, por padrão, mais importantes que as municipais.

Em relação às vias urbanas, acho que o assunto ainda não foi discutido o suficiente, mas um critério importante é que haja continuidade. Isso significa que, se duas rodovias trunk chegam numa cidade, deve haver uma rota trunk ligando as duas. Da mesma forma, se uma rodovia trunk e uma primary chegam numa cidade, deve haver uma rota trunk ou primary ligando as duas, e assim em diante.

O que acham desses critérios?

Quanto as classificações, achei coerente, levando em consideração que os (*) podem ser rediscutidos ao longo do tempo, embora no momento não tenho sugestão de modificação.

Quanto as menores (unclassified e tertiary), achei classificações de alguns municípios que classificam as rurais municipais em 3 tipos: Principal, Secundária e Vicinal (exemplos: [1],[2],[3]). Todas elas fixam larguras para as diferentes classificações. Uma delas ([3]), cita “principal” como sendo as que ligam a municípios vizinhos, “secundária” como sendo as que ligam localidades principais, e “vicinais” as que interligam localidades municipais ou que interessam apenas a possuidores de áreas que delas se sirvam como passagem forçada para chegarem as propriedades.

Pelo motivo de municípios terem mais de 1 classificação de suas estradas rurais, sou favorável a que unclassified sejam reservadas para estradas vicinais e tertiary para as principais ou secundárias. Obedecendo Plano Diretor Municipal, desde que ele seja dado como coerente em análise da comunidade local. Em não havendo fonte de plano diretor ou ele sendo incoerente, tertiary para as que ligam núcleos urbanos (cidade ou vila) a núcleos urbanos vizinhos, ou a malha viária de classificação superior mais próxima; e, unclassified para as demais estradas municipais. Observando neste último caso que só será tertiary entre núcleos urbanos vizinhos se for a rota principal entre eles, pois é comum que a rota principal, embora mais longa, se dê passando por outros núcleos urbanos e/ou por malha viária superior.

Quanto as vias urbanas, acho que podemos definir como regra primeira que nenhuma via urbana de determinado município tenha classificação maior que a de maior classificação rural que chega/atravessa núcleo urbano daquele porte. E só aprovar classificação de determinada via como de mesmo porte das rurais que atravessam aquele núcleo, em consenso com a comunidade estadual.

Links citados no texto:
1 - LM 378/2013 de Cuitegibe/PB
2 - LM 497/2010 de Bom Jesus / SC
3 - Projeto de lei nº 023/2016 de São Pedro do Sul / RS

Quando essa documentação existe, ela é ótima. Pena que não exista sempre.

Concordo. Considerando que os municípios tendem a asfaltar as vias mais importantes, esse critério já tende a ser compatível com os critérios físicos/administrativos listados (rodovias municipais seriam tertiary se pavimentadas ou unclassified se não-pavimentadas). Como os critérios funcionais indicam que as rodovia ligando comunidades com mais de 200 habitantes seriam tertiary, as não-pavimentadas municipais importantes passariam a tertiary, que é o critério que apontaste (ligam núcleos urbanos a núcleos urbanos vizinhos, ou a malha viária de classificação superior mais próxima).

Excelente observação. Isso cria uma malha mais limpa e coerente, evitando elevar rodovias ruins só porque a distância é menor.

Gostei da regra. Faz completo sentido.

O resultado seria até 130 municípios sem que a via principal seja necessariamente terciária. É desejável?

Se terciárias normalmente são coletoras urbanas, e secundárias normalmente são arteriais urbanas, e a via principal de um município gerlamente tem a função de via arterial, me parece fazer sentido que todo município (não importa quão pequeno seja) tenha pelo menos uma conexão com outros através do sistema secundário.

Central a essa questão seria justificar o limiar. Por que 20k e 200k, e não outros números? Tendo essa justificativa, fica mais fácil propor limiares para os demais níveis.

Pelo que eu entendi da sua argumentação até agora, suponho que você tenha escolhido os dois limiares porque evitam estradas não-pavimentadas e porque produzem uma densidade aparente que você considera desejável (não necessariamente comparável a de outros países com distribuição urbana e populacional similar à nossa). Faz sentido que o sistema secundário evite completamente as vias não-pavimentadas? E o terciário?

O wiki não impõe nenhum desses requisitos. Temos que ficar atentos aos casos particulares. Certamente em outros países não é assim.

Por essa definição, as rodovias vicinais teriam que ter uma classe superior à do sistema arterial de primeiro nível da capital. Confere?

Não foi por falta de tentativa :slight_smile: Acho que as duas coisas não existem isoladamente e tinham que ser pensadas juntas desde o princípio.

Se aplicarmos essa ideia em Porto Alegre, acabaremos voltando ao problema de 2013. A maioria das vias locais aqui tem o perfil físico de via coletora definido pelo plano diretor. Muito melhor ajustar a regra à situação de cada região da cidade. Em geral, as coletoras são mais bem sinalizadas que as vias próximas, mas mais fundamentalmente elas são as vias que atendem à função de coletora. Na periferia, essas vias por vezes só são a via principal que é pavimentada enquanto que as demais vias próximas não são pavimentadas. Já na região central da cidade, em geral todas as vias são pavimentadas (asfalto, concreto ou paralelepípedo), mas a via coletora é mais bem sinalizada, com frequência (mas nem sempre) controlada por semáforos, e tem trânsito mais intenso porque é o melhor caminho para chegar/sair de diversos pontos no sistema local. Eu obtive os melhores resultados segmentando o espaço pelo traçado das vias arteriais e não pelo traçado dos bairros.

Para que seja possível que mapeadores colaborem fora do seu município (acho que é algo desejável), acho que faz mais sentido que cada município defina um mapeamento dos seus sistemas com terminologia local para a terminologia do Código de Trânsito Brasileiro (local/coletora/arterial/trânsito rápido) e que esse padrão então seja mapeado pro OSM (unclassified/tertiary/secondary/primary). Isso porque o plano diretor dos municípios geralmente referencia essas denominações do CTB.

Esses números funcionaram bem no Rio Grande do Sul. A população de Passo Fundo está perto de 200k. A próxima cidade é Sapucaia do Sul, que já cai para 140k, e depois Uruguaiana, Santa Cruz do Sul e Cachoeirinha, com quase 130k. O hiato entre 140k e 200k foi o que me fez optar por esse valor. Isso acabou selecionando os 12 municípios mais populosos, que me parece coerente, se considerar que as trunk devem ter importância nacional (em Santa Catarina são 7 e no Paraná são 8 nessa situação).

Os demais valores seguem uma escala logarítmica (20k para primary, 2k para secondary, 200 para tertiary).

Se alguém tiver uma justificativa para escolher outros números, podemos tentar. Acho interessante manter a ideia da escala logarítmica.

Estou tentando compatibilizar os diferentes critérios. Entendo o teu ponto de vista, defendendo uma classificação funcional, mas ele não é o único. Os critérios físicos não podem ser ignorados. Definir que uma rodovia deve ser asfaltada para ser incluída na lista das principais do Rio Grande do Sul (trunk ou primary) não é algo fora de propósito, e certamente não é incompatível com o que está no wiki.

Não. Pelos critérios, as rodovias estaduais vicinais pavimentadas seriam secondary, equivalentes às vias arteriais de 2º nível de Porto Alegre. As vias arteriais de 1º nível seriam primary. A minha frase é apenas uma constatação do que geralmente ocorreria, visto que vias pavimentadas municipais poderiam ser tertiary (ou residential/unclassified, em zona urbana), mas as estaduais e federais seriam de secondary para cima.

Conforme sugerido, tentei integrar alguns critérios discutidos para zonas urbanas aos critérios para zonas rurais, para podermos discutí-los juntos. Agregando os dois, as vias seriam classificadas pelo maior nível que atendesse a um dos critérios abaixo:

motorway:
1. rodovia duplicada SEM cruzamentos em nível e pelo menos 10 km de extensão
trunk:
1. rodovia duplicada rural COM cruzamentos em nível e pelo menos 10 km de extensão
2. rodovia pavimentada ligando centros urbanos com mais de 200 mil habitantes*
3. via urbana ligando rodovias trunk ou motorway entre si*
4. via de trânsito rápido, em cidades com mais de 200 mil habitantes*
primary:
1. rodovia pavimentada ligando centros urbanos com mais de 20 mil habitantes*
2. via urbana ligando rodovias primary entre si ou com rodovias de nível superior*
3. via arterial principal, em cidades com mais de 20 mil habitantes (atravessa a cidade)*
secondary:
1. rodovia pavimentada federal ou estadual
2. rodovia ligando centros urbanos com mais de 2000 habitantes ou sedes de municípios*
3. via urbana ligando rodovias secondary entre si ou com rodovias de nível superior*
4. via arterial (liga vários bairros)*
tertiary:
1. rodovia pavimentada rural municipal
2. rodovia não-pavimentada federal ou estadual
3. rodovia ligando comunidades com mais de 200 habitantes*
4. via urbana ligando rodovias tertiary entre si ou com rodovias de nível superior*
5. via coletora (principais vias que conduzem às vias de maior nível)*
unclassified:
1. rodovia não-pavimentada rural municipal
2. via em zona não-residencial urbana
residential:
1. via em zona residencial urbana

  • A lista dessas rodovias será definida pela comunidade e documentada no wiki.

O que acham?

Excelente!!!

Só uma dúvida, quando te refere a “centros urbanos”, inclui a soma de cidades próximas ou apenas uma única cidade?

Podemos discutir. Acho importante considerar conurbações. Por exemplo, Porto Alegre, Alvorada e Viamão estão tão interligadas que fica difícil definir claramente as rotas de conexão. Já para ir a Canoas, as duas rotas principais são bem definidas (BR-116 e BR-448). A rota que liga Pelotas a essas quatro liga também a Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Esteio, Gravataí, etc. Por outro lado, se só considerarmos o centro da conurbação, podemos deixar de lado algumas rotas, como o trecho da ERS-240/BR-287 que passa por Montenegro, ligando Novo Hamburgo a Santa Maria. Talvez tenhamos que avaliar das duas formas.

Outro aspecto importante de ser discutido é em relação à distância entre as cidades. Duas cidades de 200k separadas por 100 km certamente deveriam ser conectadas, mas se a distância entre elas for 1000km, será que ainda vale a pena considerar as conexões? Um possível critério que estou avaliando é comparar a média geométrica das duas populações com o quadrado da distância (km) em linha reta. Se sqrt(P1*P2) > D², a conexão deveria ser feita, caso contrário as cidades estariam muito longe. Por esse critério, a conexão Londrina-Pelotas não seria considerada, mas Londrina-Porto Alegre sim (na prática, Londrina seria conectada a Pelotas via Porto Alegre, mas isso evita que se tenha que analisar todas as combinações possíveis de todas as rotas):

Londrina: 553.393 hab
Pelotas: 344.385 hab
Porto Alegre (apenas o município): 1.484.941 hab
Londrina-Pelotas: 943km (Pop/D²=0,49)
Londrina-Porto Alegre: 745km (Pop/D²=1,63)
Pelotas-Porto Alegre: 219km (Pop/D²=14,91)

Quanto ao limiar população, sugiro estender tertiary para o resto dos núcleos urbanos e não apenas no mínimo 200. De maneira que, com tertiary para cima, consiga se chegar a qualquer área urbana do estado.
(…)
Tertiary
3. rodovia ligando os demais núcleos urbanos.

OBS.: Os núcleos urbanos se consegue com os setores censitários do IBGE, núcleos urbanos geralmente são sedes municipais, vila sede distrital, ou ainda bairros/vilas descontínu(o/a)s do núcleo principal de um município. Neste último caso, poderia ser desconsiderado, se uma cidade descontínua for pensado como uma área urbana contínua, e assim, fazer a classificação urbana delas.

Segundo o IBGE, existem cerca de 44 núcleos urbanos em distritos com menos 200 habitantes. O menor deles, que tem 33 habitantes, é o distrito sede de União da Serra.

Quando eu falo de vicinal/principal me refiro a classificação estrita de estradas em zonas rurais, que é a maior parte do estado. Porto Alegre é total urbana.

No total, creio que esteja bem encaminhada nossa proposta de reclassificação viária.

Ou seja, por princípio, toda sede municipal (núcleo urbano onde tá a Prefeitura), no mínimo tertiary (+surface=*), isso?
Por mim acho bem ok.

Boa sugestão. Acho que fica melhor.

Na verdade, o acesso a toda sede municipal seria, no mínimo, secondary:
2. rodovia ligando centros urbanos com mais de 2000 habitantes ou sedes de municípios*

O que está em questão seriam sedes distritais ou outros núcleos urbanos, mas não a sede de municípios, cujo acesso já estaria numa categoria maior. Assim, as sedes dos 32 municípios do RS com menos de 2000 habitantes também teriam acesso secondary (ou superior).