Votação da proposta Trunk para 5 rodovias federais

Eu sei que não é bem isso o que você quis dizer, mas só pra avisar que a rota mais curta geralmente equivale à rota dada pelos sistemas comerciais para o modal pedestre. Acho que esse resultado ficaria bem ruim. Um exemplo bem claro seria a rota entre Brasília e Salvador: Google Maps e Here.com dão uma rota por estradas não-pavimentadas cujo comprimento total é de 50km a 150km mais curta para pedestres do que para carro. Aqui no RS, o mesmo ocorre na rota Passo Fundo - Erechim: a rota pela BR-153, não-pavimentada, é 2km mais curta.

Acho que o que você quis dizer foi usar a rota que minimiza o tempo total do deslocamento, em condições de baixo tráfego (ex.: calculando as rotas para horários de madrugada). Poderíamos usar o próprio roteador do OSM se já tivéssemos mapeado os limites de velocidade, já que nas estradas os congestionamentos são raros.

O CNT diz que o trecho pavimentado entre Manaus e Porto Velho está em péssimas condições e que a maior parte do caminho é não-pavimentado. Ainda assim, é a principal rota entre duas capitais, tão importantes quanto quaisquer outras capitais. Por isso acho que merece ser trunk. O seu estado ruim deve ser representado com as etiquetas apropriadas - maxspeed, surface, smoothness, e tracktype. Para o trecho não-pavimentado, se não tiver sinalização, é maxspeed=60 segundo o CTB (estrada = não-pavimentada = 60km/h), e mais source:maxspeed=implicit. Se for bem mantido, resistir à chuva e tolerar veículos pesados sem se deteriorar, surface=compacted, senão surface=dirt. Se dá pra passar com um carro de passeio comum, smoothness=bad, senão smoothness=very_bad. Se o material for predominantemente sólido, tracktype=grade2; se for somente material suave, tracktype=grade5; se for uma mistura igual dos dois, tracktype=grade3. Para o trecho pavimentado, surface=asphalt (implica em tracktype=grade1), maxspeed conforme a sinalização ou, se ausente, maxpeed=100 (por ser pista simples) + source:maxspeed=implicit, smoothness=intermediate se for possível passar com carro esporte/rebaixado e/ou de bicicleta urbana, senão smoothness=bad, ou mesmo smoothness=good/excellent se o motivo para julgar a rodovia como “péssima” não foi a superfície e sim outros fatores (que o estudo do CNT cita logo no começo) tais como a ausência de sinalização.

Isso não quer dizer que o estado ruim não deve influenciar na escolha da rota ótima. Com o método que eu propus (usando os roteadores comerciais), o estado ruim influencia o tempo total do percurso, que influencia na escolha da rota. Mas no caso de Porto Velho, não há outra opção, e pode haver outros casos particulares onde a rota pavimentada é muito mais longa do que uma rota direta não-pavimentada.

Enfim, ao incluir Manaus, apenas 2 estradas a mais seriam incluídas:

  • Manaus - Boa Vista - Ciudad Guayana

  • Manaus - Porto Velho

Todas as outras no Amazonas envolvendo esse conjunto de cidades coincidem com essas duas rotas ou com a rota Porto Velho - Santarém.

Caso Manaus seja excluído desse conjunto (acho que não deveria), essas rotas ainda seriam parte de rotas entre algumas capitais dentro e fora do país.

Só para documentação, eis um vídeo do estado atual do trajeto Manaus - Porto Velho. Mas provavelmente em breve não teremos mais que nos preocupar com isso.

Acho interessante também dar uma lida nessa discussão sobre as diferenças entre trunks de diversos países.

Citando algumas partes que acho curiosas:

Esta discussão no wiki também cita o seguinte:

Um fator que foi mencionado várias vezes foi o das permissões de acesso.

O seguinte é uma rápida divagação a respeito. Considerando as definições do CTB:

  • Rodovias: vias rurais pavimentadas, caminhões 90km/h, carros 100km/h (simples) ou 110km/h (duplicada)

  • Estradas: vias rurais não-pavimentadas, 60km/h

  • Trânsito rápido: acesso controlado (trânsito livre, acessos especiais, sem interseções em nível, sem travessia de pedestres em nível), sem acesso a lotes, 80 km/h

  • Arteriais: interseções em nível, semáforos, acesso a lotes, acesso a vias locais, trânsito entre regiões da cidade, 60km/h

  • Coletoras: coleta/distribui tráfego para entrar/sair de arteriais/trânsito rápido, trânsito dentro das regiões da cidade, 40km/h

  • Locais: interseções em nível sem semáforos, acesso local, 30km/h

Ciclistas e pedestres só são permitidos em:

  • vias urbanas exceto as de trânsito rápido

  • vias rurais exceto rodovias sem acostamento

O que sugere a seguinte classificação:

  • tertiary: coletoras

  • secondary: arteriais, estradas

  • primary/trunk: rodovias

  • motorway: acesso controlado (incluindo as de trânsito rápido)

Mas cria um dilema: para ser útil para os modais bicicleta e pedestre, primary deveria ser rodovia com acostamento e trunk rodovia sem acostamento, mas em geral rodovias com acostamento são mais importantes/trafegadas/desenvolvidas. Pra complicar um pouco mais, há rodovias com acostamento nas quais o trânsito de pedestres e ciclistas é proibido por placas - caso em que, teoricamente, poderíamos usar a etiqueta motorroad=yes, mas fica a dúvida se isso deveria ou não contribuir pra classificação. Detalhe: motorroad=yes costuma ser combinada com highway=trunk ou highway=primary, sugerindo que essas classes normalmente são abertas a pedestres, como também é sugerido por este artigo.

Por fim, há estradas e estradas. Algumas podem ser vistas como importantes/bem mantidas de alguma forma, como a BR-153 perto de Passo Fundo, outras nem tanto, como a maioria das estradas vicinais.

Estava dando uma olhada nas estradas que são notavelmente consideradas ruins no Brasil, e acho que temos que ponderar mais alguns trechos:

  • a BR-230, que é o melhor caminho de João Pessoa a Santarém/Manaus, não é pavimentada entre Marabá e Altamira; no entanto, o CNT considera que o trecho está em estado ruim e não péssimo

  • a BR-163, que é o melhor caminho entre Santarém e Cuiabá, não é pavimentada em quase todo o seu trecho pelo estado do Pará; no entanto, o CNT considera que os trechos não-pavimentados estão em estado regular

Todos esses trechos juntos fecham um círculo entre 4 capitais de estados adjacentes (Porto Velho, Manaus, Santarém, e Cuiabá) e, se não forem considerados trunk, deixarão uma área enorme vazia nos níveis de zoom mais baixos. Here.com é assim, mas Google Maps e Waze não.

Mas quem sabe vamos deixar essa variável fora da equação num primeiro momento: vamos começar pelas rotas que estão em boas condições, pras quais não há nenhuma objeção em elevar o nível da classificação. Meu objetivo era primeiro obter todas as rotas pelo método mais simples possível para então discutir os resultados com alta rejeição para então aprimorar o método, pra evitar tornar o método complexo demais. A partir desse resultado se poderia discutir, por exemplo, se a classificação adotada pelo Waze faria sentido pro OSM também, ou se o que faz mais sentido é o que os países vizinhos estão fazendo.

Só acho que é importante que pelo menos as rotas entre as capitais estejam representadas no sistema trunk. Há muitos anos que se discute como representar graficamente as que não são pavimentadas no Carto (visualização padrão do site principal), e houve esforços recentemente pra tornar isso uma realidade. Seja qual for a classe atribuída a essas vias, isso não nos permite ignorar que é necessário descrevê-las melhor com outras etiquetas, de tal forma que a classe da via vai acabar não afetando o roteamento quando o mapeamento estiver completo (exceto nos roteadores que estiverem ignorando essas outras etiquetas, mas é consenso no OSM de que não deveriam ser ignoradas por eles).

A minha intenção não foi escolher qual rota usar, mas sim quais conexões. Por exemplo, a distância Porto Alegre - Florianópolis é menor que Porto Alegre - Curitiba por qualquer critério razoável. Para isso serviram as distâncias citadas. Se fossemos conectar todas as 27 regiões metropolitanas de todas as formas possíveis, teríamos, potencialmente, até 351 conexões (ou 325, se Manaus ficar de fora). A minha sugestão foi usar as 33 listadas. Há alguma daquelas 33 que não parece razoável?

Pelo visto, o mais parecido com o nosso é o dos Estados Unidos, o que faz sentido pois é um país com dimensões semelhantes:

Isso me parece muito com: Rodovia pavimentada duplicada, com cruzamentos em nível.

Ao contrário: sem cruzamentos em nível, ou com cruzamentos em desnível.

Os EUA adotaram uma classificação bem diferente das demais comunidades no OSM. Note também que o Waze adotou a classificação funcional nos EUA e o OSM não. Além disso, a comunidade americana do OSM não é uma das mais participativas.

Assim como em 2013 você criticou o excesso de terciárias que havia em Porto Alegre apontando a questão da densidade da classificação, acredito que em 2018 você criticaria o excesso de secundárias e primárias em Nova Iorque (e em outros centros urbanos americanos) sob a mesma perspectiva.

Leia de novo. Ele descreve motorway como “no at-grade intersections”. Trunk ele descreve como “they typically have some intersections (every few miles to maybe every mile), and may have some but not a lot of non-ramp access”, ou seja, com cruzamentos em nível.

Ok. Comparando Porto Alegre com Nova York, achei as duas parecidas. Nova York está mais densa em Manhattan e menos no Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island. Acho que algumas avenidas marcadas como tertiary em Porto Alegre poderiam ser secondary, como a 3ª Perimetral, a Ipiranga, a Beira Rio e a Assis Brasil, mas, fora isso, agora ficou bom.

Desculpe, mas eu não entendi a relação disso com a classificação das trunk.

eu me perdi um pouco aqui: uma das ideias é seguir o critério de classificação funcional do waze nos eua ou no brasil?

eu não sei quanto aos eua, mas no brasil o critério adotado, na prática, foi o hierárquico administrativo. antes o critério adotado era o físico (porte).

fonte: https://www.waze.com/forum/viewtopic.php?f=299&t=217156

vale lembrar que no waze há uma outra ferramenta para refinar o roteamento. assim, uma rodovia pode se comportar como de uma classe acima (roteamento favorável) ou classe abaixo (roteamento desfavorável).

além disso, o waze é uma aplicação para trânsito. enquanto o osm é uma aplicação para mapa, o que também engloba roteamento.

por isso, acho complicado usar o waze como comparação para rotas.

Citei isso mais porque o OSM e o Waze adotaram critérios diferentes nos EUA, e eu acho que isso é porque a comunidade americana do OSM pode ter se isolado das demais nas suas definições - de forma geral, cada comunidade anda caminhando meio sozinha sem pensar muito em equalizar as definições (o que pode funcionar pruma comunidade com mais recursos e vontade de desenvolver os próprios sistemas, mas dificulta o desenvolvimento de serviços globais). A linguagem de algumas das discussões que vi nas outras comunidades sugere que tem aí alguns sentimentos de patriotismo/nacionalismo também, que eu acho que deveriam ficar de fora para que o OSM mantenha a sua neutralidade política/ideológica.

Fiquei curioso, como funciona essa ferramenta?

Coloquei isso porque muito se falou no OSM no Brasil sobre o impacto da classificação no roteamento, e acho que algumas comunidades podem estar pensando mais em outros modais - daí as permissões de acesso de ciclistas e pedestres determinarem a classificação em alguns países - ou mesmo em algum aspecto de geografia/antropologia. Por outro lado, estamos falando da classificação das vias motorizadas, cuja finalidade principal é o trânsito de veículos. Não acho que está bem claro ainda se há consenso sobre qual perspectiva deve predominar ao classificar as vias.

Estão todas marcadas como secondary hoje. Note que o esquema de cores da classificação mudou no final de 2015 (agora as vias terciárias são brancas e largas, e as secundárias são amarelas).

Temos que cuidar com a cópia dos critérios de uma ou de outra comunidade, particularmente de uma comunidade que não participa do OSM tanto quanto outras. Eles podem ter adotado critérios pouco universais, ou pouco aplicáveis fora do seu próprio contexto, ou que até mesmo produzem resultados indesejáveis lá que ainda não foram discutidos pela comunidade local deles.

Tem razão, li rápido demais. Mas uma diferença substancial entre os EUA e as outras comunidades é que, na maioria dos países, trunk não precisa necessariamente ser dividida/duplicada. Na maioria dos países, não há sequer um requisito quanto ao número de faixas. E, pelo menos no Canadá (cuja densidade geográfica é maior na fronteira com os EUA e bem menor ao norte), não há um requisito quanto ao tipo de superfície.

Ou seja, até onde tenho visto, para praticamente qualquer um dos requisitos que tentamos impor, encontraremos alguma outra comunidade que não impõe o mesmo requisito. Ou seja, esses requisitos me parecem arbitrários. A única classe onde há um certo consenso é motorway.

Elas me parecem razoáveis sim. E fazer o que você sugere é o mesmo que fazer o que eu sugiro começando pelas cidades que são mais próximas entre si. Só note que as várias combinações resultantes não produziriam rotas totalmente distintas, muitas dessas rotas compartilham as mesmas vias. Por exemplo, ao começar com a rota Porto Alegre - Rio de Janeiro, encontramos de uma vez só todas as 9 rotas envolvendo Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Ou seja, economizamos trabalho assim.

é algo que pode ser atribuído às vias, usando o editor de mapas, com acesso restrito a editores de determinado nível (salvo engano 4+).

usando as classes do osm, seria como uma via classificada como secondary, ao ter o atributo de roteamento aplicado, ela passa a funcionar como primary ou tertiary.

um caso em que se aplicaria seria a concorrência entre a br-116 e a rs-122, eventualmente citado aqui. se se optasse pela classificação hierárquica administrativa, por hipótese, a br-116 poderia ficar como trunk e a rs-122 como primary. mas nesse trecho do rs, a br-116 teria o roteamento definido como desfavorável (se comportando como primary) e a rs-122 receberia o atributo de favorável (se comportando como trunk). assim, para fins de roteamento, a rs-122 teria preferência.

por isso digo que não dá para comparar com o waze, pois além de outras diferenças, não temos como saber facilmente em quais rodovias foi aplicado o roteamento preferido.

Só explicando melhor, por muitos anos houve esta proposta de classificação funcional no OSM para a comunidade americana. A maneira com que o Código de Trânsito Brasileiro expõe as suas definições (coletora, arterial, trânsito rápido, etc.) é muito semelhante a esse esquema, e foram feitas 2 propostas de classificação no OSM que citam justamente essa perspectiva funcional ao fazer a a classificação. Parece que a comunidade americana abandonou essa ideia pelos motivos expostos aqui, mas o Waze não parece estar seguindo a mesma tendência.

Cito um trecho que concorda com o que eu encontrei no wiki alemão, que inspirou a proposta que eu trouxe aqui:

Grifo meu. “Through route” (ou “thoroughfare”) significa “rota de passagem” e se refere aos caminhos onde os veículos estão transitando cobrindo grandes distâncias (ou seja, sua origem e o seu destino não são próximos do lugar onde estão transitando).

Bem interessante essa explicação. Não me surpreenderia se outros sistemas de mapas tivessem algum recurso similar. Sei que o TrackSource tinha algo assim também.

Mas foi pensando em incertezas como essa que eu propus que começássemos encontrando as rotas por consenso entre mais de um sistema de roteamento. Assim, se alguém no Waze tiver feito essa atribuição subjetiva de uma forma “pouco criteriosa” (“errada”), é menos provável (embora ainda possível) que o mesmo tenha sido repetido nos outros sistemas.

Concordo. A conta foi só para termos uma ideia da máxima complexidades possível incluindo todos os pontos. Na prática, é como exemplificaste, com muitas rotas em comum. Acho que estamos falando a mesma coisa. Creio que o próximo passo seria decidir quais rotas usar nas 33 conexões e documentar o seu trajeto no Wiki. Por exemplo:

= Rotas ligando as regiões metropolitanas =
Porto Alegre - Florianópolis: BR-290 (Osório) BR-101 (São José) BR-282
Florianópolis - Joinville: BR-282 (São José) BR-101
Joinville - Curitiba: BR-101 (divisa SC/PR) BR-376
Curitiba - São Paulo: BR-116

Creio que não há dúvida quanto a essas. Se houver conexões com duas ou mais rotas razoáveis possíveis, a comunidade teria que chegar a um consenso sobre qual usar.

Podemos aproveitar para revisar bem essas rotas, colocando os tags de lanes, maxspeed e surface, detalhar entroncamentos, pontes, restrições de conversão, placas de pare ou dê a preferência, sinaleiras, etc. Também é interessante conferir se a estrada está no lugar certo e com o nível de detalhe adequado (a camada de heatmap do Strava ajuda muito).