Da mesma forma você poderia suscitar a pergunta: quão intenso é o fluxo entre Porto Alegre e Fortaleza?
A questão sendo: a classificação representa a intensidade do tráfego? Se sim, as arteriais na periferia das cidades deveriam ter a sua classificação rebaixada porque apresentam menos fluxo que as arteriais no centro da cidade? Ou, de modo similar, as rodovias nas proximidades das grandes cidades deveriam ter sua classe promovida porque apresentam mais tráfego do que suas extensões a cidades distantes? Quão verificável é a intensidade do tráfego? Classificar com base na intensidade do tráfego não geraria malhas locais desconectadas de outras malhas?
Acho que essa questão depende de você ter interesse mais local ou mais global no mapa. Tem gente que não se importa com o que acontece fora do seu estado, e tem gente que transita por grandes extensões.
Dito isso, eu tenho visto que esse método apresenta problemas de verificabilidade em rotas muito longas, independente de serem nacionais (dentro do país) ou transnacionais (entre países). Esses problemas tendem a desaparecer quando começamos a encontrar as rotas entre lugares mais próximos, com população menor, e essas rotas mais locais acabam cobrindo todas as alternativas de rotas entre os locais mais distantes.
Se já concordássemos sobre qual limiar populacional vai separar cada malha, o trabalho se tornaria relativamente simples: bastaria incluir cada cidade no mapa e, ao incluir a cidade, encontrar as melhores rotas dela para as cidades grandes mais próximas. A maioria das cidades tem poucas saídas viárias possíveis partindo do seu centro, o que tornaria a avaliação relativamente simples.
Um exemplo: a rota entre Belo Horizonte e Fortaleza. Google e Here.com discordam sobre a melhor rota, e o Waze não funciona com rotas com mais de 1000 milhas de extensão. Os dois primeiros concordam sobre um dos trechos (Vitória da Conquista - Fortaleza). No primeiro trecho, um sugere ir por Montes Claros, e o outro por Governador Valadares. Se num primeiro momento somos forçados a escolher somente uma rota ótima, parece haver uma ligeira vantagem em optar pela rota por Montes Claros. Mas se estivéssemos construindo a classificação a partir das rotas entre lugares mais próximos, o dilema não existiria porque ambas as rotas já estariam promovidas por outros motivos (a que passa por Montes Claros estaria promovida pelas rotas Belo Horizonte - Montes Claros e Montes Claros - Vitória da Conquista, e a outra por ser a rota Belo Horizonte - Ipatinga - Governador Valadares - Teófilo Otoni - Vitória da Conquista, todas cidades com mais de 100 mil habitantes).
Depois de Vitória da Conquista, ambos os sistemas concordam sobre uma rota de pouco mais de 1000km de extensão entre Feira de Santana e Fortaleza pela BR-116, atravessando o sertão nordestino, uma região pouco povoada. Esse trecho não passa por nenhuma cidade com mais de 100 mil habitantes. A rota é factível em 15 horas, possível em um único dia para dois viajantes se alternando ao volante, mas provavelmente não tem muito trânsito devido à distância. Apesar disso, Google, Here e Waze classificam esse trecho com a segunda maior classe de que dispõem nos seus modelos. Daí pergunto: uma classificação útil, neutra, deveria ou não classificar essa rota como menos importante?