Se por “perfeito” você quer dizer “com menos distorções” e “menos distância da posição real das coisas”, de fato o Google tem as melhores imagens. Mas nesse quesito o Bing está quase tão bom quanto o Google em quase todo o mapa - bom o bastante para o que queremos fazer, com raras exceções (principalmente no interior). Aquilo em que o Bing perde bastante é em definição da imagem.
Uma forma simples de comparar o alinhamento dos dois sistemas: no JOSM, coloque um ponto num lugar notável no mapa (no meio de um cruzamento, ou na ponta do retângulo de uma casa, algo assim). Daí vá em View > Advanced Info (Ctrl+I), copie as coordenadas na linha que diz “Coordinates:” e cole-as no Google Maps. Se cair no mesmo lugar (o mesmo cruzamento ou a ponta da casa), é porque as imagens estão bem alinhadas na região. Faça isso 3 vezes em pontos mais ou menos extremos de uma mesma quadrícula e você pode ter certeza quase absoluta que as duas imagens têm pouco erro/distorção/deslocamento (tudo combinado). Até hoje, não achei uma quadrícula em que esse teste desse uma diferença muito grosseira, geralmente está em torno de uns 6-8m (e isso é o erro combinado dos dois mapas, então provavelmente o erro do Bing é menor que isso).
Todas as imagens de satélite passam por um processo chamado “ortorretificação”. Esse processo faz uma foto tirada de lado (de um satélite que não esteja bem em cima do lugar) parecer que foi tirada de cima, e pra isso é necessário conhecer a altitude de cada ponto do relevo. Daí, com uma regra trigonométrica relativamente simples (e mais umas mágicas matemáticas), você consegue consertar a imagem. O problema é que o mapa de altitude não é exato e varia de uma empresa pra outra. O resultado ainda é bastante preciso, mas tem distorções. Só que cada empresa tem 1 mapa de relevo diferente e 1 método de consertar a foto diferente. Ou seja, cada uma produz suas próprias distorções, uma espécie de impressão digital embutida na imagem.
Daí quando você traça o mapa sobre uma imagem, você então copia essas distorções para a geometria. Numa contestação jurídica, é justamente essas distorções que um perito procura para provar que houve cópia.
Se você traçar sobre o Bing, mesmo que esteja vendo umas coisas a mais na imagem do Google Maps, você vai estar copiando as distorções do Bing. Não é proibido olhar pro Google Maps e “ter idéias a partir dele”. Afinal, pra você mapear algo, você precisa interpretar, da sua forma particular e subjetiva, aquilo que a imagem contém. O Google não te dá essa interpretação, portanto o que você mapear não é obra do Google. Também é muito difícil argumentar que seja obra “derivada”, ninguém definiu o que é “derivado” em cartografia, exceto em casos onde se pode mostrar que os dados foram convertidos ou processados de maneira uniforme, algorítmica, ou transcritos à mão (de uma forma já interpretada/vetorial) sem modificações.
Um problema maior acontece se você começar a copiar metadados visíveis (nomes de ruas, de bairros e de pontos de interesse). Quando o metadado está correto, é impossível provar que houve cópia (duas fontes corretas serão iguais). A prova vem quando você junta várias situações em que erros foram copiados.
Junte a isto o fato de que a camada vetorial do Google Maps (que tem ruas e nomes de coisas) tem muitos erros. Acaba sendo pouco desejável copiarmos se queremos um mapa livre de erros.