Inserção de trechos planejados de rodovias

Pessoal,

Pensei em inserir trechos planejados de rodovias no OSM - obviamente sem tracejado, apenas ligando os pontos planejados aos efetivamente implementados. O que vocês pensam a respeito?

De onde virão estes trechos?

Da base de dados dos DER e do DNIT.

Hm inicialmente eu seria a favor, mas pensem um pouco:

  • atualmente o Mapnik renderiza a tag “highway=proposed” e a “highway=construction” exatamente da mesma forma, isso poderia confundir os usuários leigos
  • qual usuário gostaria de ver as rodovias planejadas?
  • quanta manutenção isso nos gera? e como descobrir quando o planejamento mudou? (algo muito comum)

Eu acho que estaria ok desde que você tivesse quase certeza de que serão realmente implementadas e também se a sua fonte tiver boa precisão. Você tem os dados em um arquivo ou você pretende traçar sobre um mapa existente? Se for sobre um mapa, qual?

Eu não vejo problema, já que tanto proposed como construction são renderizadas diferentemente das vias normais (tracejadas em vez de contínuas).
Só lembrar de colocar o tipo da via que está planejada ou em construção (por exemplo, se primary, construction=primary ou proposed=primary; construction= e proposed= aceitam todos os valores de highway=), além de highway=construction ou highway=proposed.

No caso de manutenção, é o mesmo das vias já existentes (que mudam de traçado, mão e várias outras coisas). Mesmo se estiver incorreto o traçado da via planejada isso não vai gerar tanto problema como uma via existente que esteja errada.

Não entendi. Eu inseriria normalmente sobre o mapa existente do OSM…

Sim. A manutenção no caso envolveria quase necessariamente refazer a estrada, uma vez que os trechos planejados seriam representados em linha reta.

Hm “linha reta” quer dizer que o trecho planejado teria bem pouca precisão, certo? Digamos que o seu trecho ligue duas cidades, você simplesmente colocaria uma linha reta de uma cidade até outra? Ou a sua fonte de dados lhe permite um nível de detalhe melhor - por exemplo, os pontos aproximados de cada curva da estrada, com no máximo uns 50 metros de erro? (Ou, talvez, 100 metros.)

Aqui em Porto Alegre eu coloquei um trecho planejado de uma ciclovia porque os planos são bem concretos e o erro é bem limitado (certamente inferior a 10 metros, a menos que decidam mudar totalmente o planejamento). Outro motivo para fazer isso é que Porto Alegre tem pouquíssimas ciclovias, então a informação adquire mais relevância. Não coloquei mais nada em fase de planejamento porque acho que não seria útil para ninguém (exceto, talvez, para os planejadores urbanos, que certamente não estão usando esse mapa, embora acho que devessem). Tem inclusive coisas em construção que eu não pus no mapa porque não tenho certeza de como vai ficar e porque acho que ninguém está buscando essa informação no momento. Seria apenas uma “curiosidade” se ela constasse.

Para uma estrada, eu colocaria o trecho planejado somente se os dados que eu tivesse fossem oficiais e eles já levassem em conta a topologia do terreno, estabelecendo onde se pretende colocar as curvas da estrada. Senão, acho que há pouco benefício para o usuário final, pode confundir alguns colaboradores iniciantes (eles podem pensar que podem conectar coisas na via planejada) e isso pode dar mais trabalho pra você no fim das contas quando tiver que manter essa informação atualizada.

Também acho que se o seu traçado planejado passar por cima de uma residência ou via existente, isso pode confundir um usuário leigo vendo o mapa. Por isso eu só faria se os planos fossem bastante concretos - quer dizer, quando você pode afirmar com certeza quase total que aquela estrada vai ser construída em breve aproximadamente da forma que você está colocando no mapa (idealmente, você só precisaria mudar uma ou duas tags quando a construção estivesse concluída, sem precisar mover nós, ou movendo muito pouco).

Acho excelente a sua iniciativa, e provavelmente serve a algum propósito que você não mencionou ainda, mas me permite uma sugestão? Tem outras coisas precisando mais atenção no mapa atualmente. É mais interessante (útil) para os usuários comuns se você se concentrar em completar as coisas antigas que ainda não constam no mapa (não sei como está a sua região, mas em quase todas as cidades brasileiras falta colocar os tombamentos históricos - alguns existem há centenas de anos -, os memoriais e as obras de arte públicas) do que colocar coisas que virão no futuro cuja relevância não é bem compreendida. Uma sugestão é ler o WikiTravel sobre a sua cidade e ver se tudo que é mencionado lá já consta no mapa (você deve ser capaz de encontrá-las por nome usando o Nominatim; se não conseguir, outros também não conseguirão). Entre as várias outras coisas que me ocorrem agora é que a tag “junction=roundabout” está sendo usada incorretamente em vários lugares (uma estrutura circular só é uma rótula se não possuir semáforos, placas-pare ou placas “dê a preferência” no seu interior, e todos os seus acessos tiverem placas-pare ou “dê a preferência” para entrar no círculo, mas não semáforos). Faltam tags “maxspeed” em quase todas as vias, faltam as speed cams. Há também a questão da classificação das vias, que discutimos recentemente. Faltam POIs diversos, como hospitais, farmácias, delegacias de polícia, áreas militares, prisões, supermercados, escolas. São coisas que costumam ser negligenciadas, mas são muito importantes. Em muitas cidades faltam os bairros. Muitos aeroportos precisam de detalhamento, como os nomes dos portões de embarque. Um usuário mencionou há poucos dias que faltam dados hidrográficos melhores, e eu tenho certeza que faltam os de vegetação (algo que os mapas europeus têm em detalhe muito superior ao nosso). Faltam os nomes de várias ilhas, morros, cabos, enseadas. Faltam até as relações nível administrativo 3 (que definem as regiões sul, nordeste, norte, etc.) (eu já adicionei a da região sul, mas não tive tempo de fazer as demais). Não cheguei a pensar muito sobre o meio não-urbano ainda, mas se você tiver interesse, eu elaborei uma priorização para o meio urbano de Porto Alegre que pode ser útil em outros lugares, talvez adaptando algumas coisas: http://wiki.openstreetmap.org/wiki/WikiProject_Brazil/RS/Porto_Alegre/Status#Progresso

Outra forma de perceber aquilo que a comunidade julga mais importante no mapa é pensar em quais as visualizações já foram implementadas para ele. As alternativas ao padrão disponibilizadas no site oficial são provavelmente bem importantes: ciclismo e transporte urbano. Eu suponho que estão lá porque são duas informações são muito procuradas (pelo menos onde o OpenStreetMap é mais usado, não necessariamente no Brasil é claro). Outras sugestões incluem a lista de visualizações do ITO Map, mais ou menos na ordem listada aqui (a ordem em que foram criadas): http://wiki.openstreetmap.org/wiki/ITO_Map#Full_map_list

Que planejamento interessante, Fernando! Não conhecia essa lista. Vou procurar adotar algo semelhante aqui no Rio, confesso que o wiki da cidade está bem largado.

[]s

Fernando, agradeço pelas dicas! Acho que vou deixar isso de lado por enquanto, então, e focar nas outras coisas que eu venho fazendo.

Disponha :smiley: Estou aceitando sugestões também, já que essa noção de “prioridade” é subjetiva. Eu fiz uma planilha tentando “adivinhar” o número de itens a serem mapeados, a facilidade de mapeá-los e o valor utilidade que eu espero da população em geral, e depois fiz um cálculo em cima desses valores para chegar a um “ranking” de prioridade. A maioria dos itens ali veio do menu de presets do JOSM. Acabei dividindo as tarefas em 3 grandes grupos de acordo com o processo de mapeamento:

  1. Pesquisa: envolve descobrir o que é mais importante mapear usando ferramentas de busca e outros sites populares (pode ser feito em casa, geralmente o mais fácil de todos)
  2. Traçado: envolve mapear tudo aquilo que é possível apenas olhando a imagem de satélite (geralmente fácil porque pode ser feito em casa, mas às vezes insuficiente)
  3. Inspeção/survey: envolve mapear tudo aquilo que exige visitar o local (geralmente mais trabalhoso, mas necessário para completar a informação e determinar certos detalhes)

Eu nem sempre segui isso à risca. Em parte porque estava querendo explorar tudo que o OSM permite. Em outra parte porque, se eu estou fazendo todo esse esforço, acho que o mapa tem que primeiro satisfazer as minhas necessidades principais (geralmente isso tem um reflexo positivo na utilidade do mapa para os outros também), dentro dos limites da comunidade é claro. A primeira coisa que eu fiz então foi mapear todas as coisas que eu tinha na minha lista de favoritos no meu GPS. Em pouco tempo eu percebi que era fácil eu começar a mapear outras coisas e logo esquecer de um outro mapeamento não terminado (déficit de atenção, talvez? :P), então achei útil colocar algo no wiki. Seria útil mesmo que não aparecesse ninguém pra me ajudar. Quando terminei, vi que a lista ficou enorme, então decidi marcar alguns itens em negrito como sendo os “essenciais” em cada categoria (essenciais de forma subjetiva, pode ser que alguém discorde). Daí descobri outra utilidade: como eu comecei a traduzir o JOSM para o português brasileiro, isso também serviria pra já pesquisar e definir a melhor tradução para cada termo (aliás, isso merece um post separado).

A ordem dos bairros também foi priorizada. Como Porto Alegre tem uma estrutura radial, bastaria ordenar por distância em relação ao centro (acabei fazendo um cálculo ligeiramente mais complicado mas no fim fez pouca diferença). Eu “burlei” a ordem concluindo primeiro um bairro incomum que na verdade é um conjunto de ilhas pouco habitadas, só porque cobriria uma área grande rapidamente e porque há pouco eu tinha completado os detalhes do lago Guaíba e da lagoa dos Patos (pontas, enseadas, praias, nomes de ilhas, ilhas submersas, etc.).

Legal. O planejamento é bem extenso, e tem certas coisas que eu gostaria de esquematizar (por exemplo, mapear todos os sinais de trânsito e faixas de pedestre) que eu acabo fazendo de forma desorganizada. De repente no fim de semana arrumo um tempinho para isso.

[]s

Depois vou querer ver como ficou o seu esquema. Há muito tempo (antes de eu me dedicar à questão da classificação) eu pensei que o melhor era distribuir a tarefa dos semáforos para o mapeamento dos bairros. Mas num certo momento (durante a classificação) eu me dei conta que 95% dos problemas de roteamento podem ser resolvidos só analisando os cruzamentos das vias arterias, e 99% analisando também os das secundárias.

Esses números não se referem ao total dos itens, e sim aos itens com maior chance de serem frequentados ou de interferirem com o cálculo das rotas. Outra forma de ler é: só 5% (ou 1%) das vezes uma pessoa passaria por um elemento não mapeado porque é menos comum ela se desviar dessas vias principais.

Daí me dei conta que o mesmo vale para semáforos, faixas de pedestres e até numeração de casas (uma numeração básica usaria interpoladores entre os números dessas esquinas em particular, e só depois seria “refinado” com os números das demais esquinas). Só não tive tempo de atualizar esse esquema todo para refletir essa constatação (exceto pela seção no final que sugere uma revisão das vias principais coletando essas informações).