[RS] Reclassificação de rodovias no Rio Grande do Sul

Pessoal do RS,

Motivado por uma edição aqui em Porto Alegre, resolvi revisar se os casos mais difíceis e raros de classificação de rodovias no RS estão de acordo com o esquema de classificação que adotamos. Tomei por base as informações do Ministério dos Transportes e complementei com a imagem de satélite para diferenciar os sub-casos (ex.: uma “duplicada” pode ser uma trunk ou uma motorway dependendo de se tem canteiro central, acostamento e obstruções frequentes) e mais algum conhecimento próprio.

Então, no RS, só atendem todos os critérios para ser motorway (predominantemente alta velocidade com canteiro central, acostamento e sem obstruções tais como cruzamentos em nível) as rodovias:

  • BR-290 desde a rodoviária de Porto Alegre até a BR-101 em Osório.
  • BR-101 desde a BR-290 em Osório até Santa Catarina e além.
  • BR-116 desde a BR-290 em Porto Alegre até o perímetro urbano de Guaíba. No perímetro urbano a velocidade máxima é baixa.
  • BR-116 desde a BR-290 em Porto Alegre até a RS-239 em Novo Hamburgo. No sentido norte, há alguns trechos em Canoas onde não há acostamento, mas estou considerando isso uma “exceção” tolerável e rara.
  • BR-448 desde a BR-290 em Porto Alegre até a BR-116 em Sapucaia do Sul.

Não atendem os critérios para motorway, mas atendem os critérios para trunk (predominantemente alta velocidade com duas faixas por sentido e talvez mais algumas das características de motorways, mas não todas) as rodovias:

  • BR-386 desde a BR-116 em Canoas até Fazenda Vilanova e entre Estrela e Lajeado. O trecho entre Fazenda Vilanova e Estrela não é trunk porque não tem 2 faixas por sentido. Esse trecho também não será duplicado tão logo. Os demais trechos não são motorway porque, apesar de 2 faixas/sentido, a maioria dos trechos (exceto em acessos locais) não têm canteiro central, vários trechos também não têm acostamento, e porque há cruzamentos em nível repetidamente.
  • RS-239 desde a BR-116 em Novo Hamburgo até a ERS-20 em Taquara. Não é motorway por causa dos diversos retornos que formam cruzamentos em nível ao longo do percurso. Na chegada a Taquara, não encontrei absolutamente nenhuma sinalização relativa à velocidade máxima que indique o início do perímetro urbano, então é difícil dizer se todo esse trecho deveria ser considerado trunk. Até ter mais informação, vou deixar assim.
  • RS-240 desde a BR-116 em São Leopoldo até a RS-446 e a RS-122 em São Vendelino. Não é motorway por causa dos diversos retornos que formam cruzamentos em nível ao longo do percurso.

Atualizações desde o post original:

  • 12/07/2014: RS-239 e RS-240 devem ser trunk por causa dos cruzamentos em nível; BR-116 deixa de ser motorway no perímetro urbano de Guaíba devido à baixa velocidade; BR-386 deixou de ser trunk entre Fazenda Vilanova e Estrela porque só tem 1 faixa por sentido

Além disso, revisei alguns casos que pareciam incorretos. Hoje revisei duas trunks que estavam mapeadas em Caxias do Sul. Para demonstrar que não estavam corretas, mapeei a velocidade máxima nos dois trechos que eram trunk.

No trecho que vai de Farroupilha a Caxias do Sul, há um trecho de 5,7 km onde de fato a velocidade sobe para 80 km/h. Mas há um pedágio bem no meio desse trecho, o que efetivamente o quebra em dois trechos de alta velocidade, um com 2,8 km e outro de 1,5 km. Lembro que havíamos discutido que a classificação de uma via não deve se alternar demais, e acho esses trechos curtos demais para considerá-los uma via trunk (que geralmente têm grande extensão).

No trecho da BR-116 que atravessa Caxias do Sul a leste, não há trechos em alta velocidade, a via possui somente características de via urbana.

Nos dois casos, se houvesse vias trunk continuando dos lados opostos da cidade, faria todo sentido manter a classificação como trunk, pois o trecho urbano faria parte do sistema intermunicipal. Mas como as vias ao redor são todas primary, não vejo motivos.

Opiniões?

Meu próximo passo é verificar se estão de acordo essas trunk em Carazinho e Passo Fundo: http://www.openstreetmap.org/#map=10/-28.1586/-52.5263

Atualização: não são trunk, são todas vias com uma faixa por sentido. São pavimentadas, e têm acostamento, então são primary.

E o passo seguinte é verificar as poucas rodovias que são classificadas como implantadas e em leito natural pelo Ministério dos Transportes. Depois disso, devem sobrar só rodovias primárias e secundárias.

Para mim parece ótimo

Eu fui o chato que veio com essa, então eu certamente concordo com o que fizeste.

Bem, menos mal que ninguém discorda por enquanto. Aliás, a visualização do limite de velocidade está atualizada agora.

Será que está havendo um “excesso de tertiary” nesta região? http://www.openstreetmap.org/#map=11/-27.4626/-53.1814

Não cheguei lá ainda, e talvez só veja elas na segunda etapa porque não são rodovias estaduais e sim estradas municipais. Mas é possível que esteja correto se forem todas de solo compactado. Acho que faz sentido até, praticamente todas as estaduais e federais são primárias (ou secundárias se não tiverem acostamento). Em geral primárias e secundárias são muito parecidas, já as terciárias são bem diferentes (bem mais próximas das residenciais/não-classificadas).

Fernando,

A RS-240 não é motorway. O acesso a ela não é restrito e há muitos pontos onde é possível atravessá-la. Ela é trunk. A estrada que liga Farroupilha a Caxias do Sul também é trunk. Ela tem uma estrutura similar. Por favor, não modifique essas duas estradas. Quanto ao pedágio, ele está desativado. Mesmo que não estivesse, a presença de um pedágio não é motivo para mexer na classificação de uma rodovia.

Quando você diz que é possível atravessá-la, você está se referindo a estruturas como esta, certo?

Acho pouco óbvio definir se a RS-240 é motorway ou trunk, depende dos critérios adotados. Será que é fundamental para uma motorway que ela não seja “atravessável” em nível, é motorway só se for atravessável por entroncamentos envolvendo viadutos e trincheiras em níveis diferentes? Não vi pessoas mencionando isso antes, mas se a comunidade concordar, eu reclassifico. Se for esse o caso, então a RS-239 também terá que ser trunk porque exibe essa mesma característica em vários pontos.

Eu não concordo muito com classificar como trunk a ligação entre Caxias e Farroupilha. Recentemente alguém sugeriu na lista talk-br que as primárias fossem promovidas a trunk somente se tiverem mais de 300km de extensão com as características de trunk. Mesmo desconsiderando o pedágio, o trecho tem menos de 6km de comprimento e não se conecta a outras trunk. Acho que precisamos ver com a comunidade qual o limiar que separa as trunk curtas (que não se conectam a outras trunks e motorways) das primárias intermunicipais com características similares às trunks.

Mas se quem for atravessar tem que parar, qual a diferença que isso implica na via?
Eu não vejo nenhuma.

Sobre o ponto de acesso restrito, eu concordo com o fbello de que este é um pré-requisito para motorway.

Quanto ao tamanho mínimo da trunk, acho interessante para não ter uma via toda recortada em diferentes classificações. Só que não deve ser pré-requisito que ela se conecte a outras trunk.

Abraços, Linhares

Acho que faz quase nenhuma diferença pra quem usa e/ou atravessa a via. Faz mais diferença para quem planeja o sistema rodoviário porque acaba limitando um pouco a capacidade máxima da via e porque tem mais chance de acidentes (comparado com motorways bem projetadas, com longas faixas de aceleração e desaceleração nas suas entradas e saídas).

De qualquer forma, uma capacidade menor pode indicar que a via é menos “importante” porque comporta menos tráfego.

Pra pedestres e ciclistas, tanto motorways quanto trunks (independente da definição) são particularmente difíceis de usar e de atravessar. Pra eles provavelmente o maior fator nem é a classificação da via e sim o tipo de separação central (defensas e muretas tornam a travessia muito perigosa). Pelo menos em motorways essa travessia poderia ser feita num nível separado, mas os entroncamentos costumam estar tão distantes um do outro que não sei se realmente faz muita diferença (se estariam dispostos a andar tanto só pra atravessar a via).

Qual tamanho mínimo você acha que seria razoável? O Gabriel (na talk-br) acha que 300km seria bom. Eu acho que uns 100km já seria bom.

Eu também prefiro o valor menor para não ser muito rígido. Se as estradas melhorarem daqui alguns anos, aumenta-se o valor.

Essa questão do risco de acidente eu considero o ponto principal! Viajar numa rodovia como a Dutra (Rio-São Paulo) é muito mais seguro do que viajar em uma pista com algum tipo de cruzamento.

Abraços, Linhares

Sobre a questão de retorno em nível, estes são muito comuns em motorways no Reino Unido (acabei de passar por uma esta semana). Retorno em nível não é um cruzamento, os veículos que retornam não cruzam com os veículos da principal. Eles acessam a via por faixas separadas, exatamente como se fosse uma alça de viaduto.

Portanto não vejo porque um retorno em nível desclassificaria uma via como motorway.

Tamanho mínimo para ser trunk? Sugiro 5 km. São raras as rodovias no Brasil que tem formatos uniformes por mais de 10 km.

+1

Mas digamos que as pequenas variações fossem ignoradas (absorvidas), mesmo assim 5km já seria o bastante? Por exemplo, na rodovia entre Farroupilha e Caxias do Sul, teríamos um trecho de 5,7 km com características de trunk (exceto pela velocidade baixa próximo ao pedágio que fica bem no meio do caminho).

Bem, vamos discutir sobre as condições que diferenciam as trunks neste outro tópico e, quando tivermos chegado a uma decisão mais concreta, daí voltamos pros casos particulares no RS.

Sim. Exatamete estruturas como essa. Uma motorway é uma via expressa, e não comporta esse tipo de cruzamento, atravessando a rodovia inteira. É exatamente essa a diferença entre motorway e trunk. A BR-116, entre Porto Alegre e Novo Hamburgo tinha dois cruzamentos: a Unisinos e o acesso a Sapucaia do Sul. O primeiro já foi resolvido e o segundo está em construção (não passei lá hoje; talvez esteja pronto :)). Assim, a BR-116 é motorway, visto que é impossível (se bem que tem louco para tudo) atravessá-la de carro. A RS-240/RS-122 é bem diferente, tendo muitos pontos onde o cruzamento de vias existe.

O limite de tamanho de 300km é surreal. Talvez faça sentido na Amazonia, mas a Serra Gaúcha inteira não tem 300km. Concordo em não ficar mudando de classificação a cada 200m, mas a ligação entre Caxias do Sul e Farroupilha É uma trunk. Eu passo nela quase toda semana. Ela conecta quatro cidades com um total de 200 mil habitantes a uma cidade com mais de 400 mil. É duplicada, com canteiro central e é um alívio quando entro nela, pois finalmente posso passar a tripa de caminhões que fica trancando a rodovia de Bento a Farroupilha. Não concordo com colocar comprimento mínimo de via para trunk, a menos que seja algo da ordem de 1 km ou menos. Mesmo assim, sou contra formalizar esse limite e acho que devemos usar o bom senso.